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  • Mia

Sobre uma garota depressiva (Atenção)

ATENÇÃO: Esse texto pode agir como um gatilho para pessoas que sofrem de depressão, ansiedade ou algum tipo de transtorno psicológico. Aconselhamos que você não leia caso não esteja 100% segura(o) que este texto não te afetará negativamente. Não nos responsabilizamos por isso. Se precisar de ajuda mande um e-mail para profundodenos@gmail.com. Fique bem!

“Sou a uva passa que todo mundo coloca no cantinho do prato. Sou a azeitona que a maioria tira da pizza. Sou o termo de uso que todo mundo ignora. Sou a bonequinha que veio da loja com defeito e infelizmente não aceitaram devolução e por isso vivo ali, esquecida, no fundo da caixa de brinquedos só esperando o dia em que alguém se lembre de mim e me jogue fora. Porque as pessoas são assim. Se algo ou alguém não as serve para nada elas simplesmente esquecem e depois jogam fora.”



Ela tem aquela capa de boa menina feliz, com um sorriso no rosto e gentileza na voz, mas seu olhar não esconde que por dentro ela está destruída. Não basta olhar, é preciso enxergar. O problema é que ninguém nunca enxerga e por isso ela se sente cada vez mais sozinha, mesmo estando rodeada de pessoas. Ela tem muitos amigos, mas eles dificilmente estão lá quando ela precisa e se estão lá, não a compreendem. Ela está sempre se sentindo fora da casinha, fora dos padrões. Menina boba, mal sabe ela que é linda do jeitinho que é, e que padrãozinho é coisa de tolo.


Ela nunca acha que está agradando. Sente como se sua existência fosse um fardo na vida das pessoas. Ela sente falta da presença paterna, mesmo tendo o pai por perto. A cada discussão com os pais, ela sente que não estão orgulhosos da filha que tem. E ela odeia não ser boa o suficiente. Ela odeia decepcionar as pessoas que ama. Ela odeia a si mesma por não conseguir.


Ela não é boa em controlar seus impulsos e sempre acaba chorando em seu quarto, sozinha, arrependida. Chora calada quase toda noite, enquanto ouve suas músicas favoritas, que por sinal, ninguém suporta. Só consegue pegar no sono mesmo lá para 03h00 da madrugada. Enquanto isso se tortura culpando-se por não ser magra o suficiente, inteligente o suficiente, bonita o suficiente, nem boa o suficiente.


Já se entregou, já amou, já foi intensa, vulnerável, e se magoou, se machucou, sofreu. Mas ela é o tipo de pessoa que não precisa ser roubada duas vezes para aprender a fechar as portas, ela se fechou de primeira. Ela não queria mais passar por tudo aquilo de novo. Ela se fechou para o amor. Ela se fechou para as pessoas e aos poucos foi se fechando para o mundo.


Essa fraqueza fez dela uma garota fria e agora sua defesa é não ser boazinha quando pisam na bola com ela. Basta você pisar em falso que ela mostra que não tem papas na língua. Ela aprendeu a ser grossa por tanto levar patada. Agora ela fala o que pensa sem se importar se vai machucar alguém, aliás, ninguém pensou se as palavras iriam machuca-la. E machucaram.


Ela não é feliz com seu corpo, com seu cabelo, nem com sua aparência. Ela não se sente atraente. Sua autoestima é tão baixa que só falta encontrar petróleo. Ela não consegue mais se satisfazer com nada. Esqueceu o que é felicidade. São raros seus momentos de alegria e quando há algum, não dura muito. Ela se irrita fácil e irrita as pessoas fácil também. Não sabe mais agradecer e muito menos pedir desculpas, até porque, sempre que ela tenta, só piora as coisas. Ela não aprendeu aquilo de não fazer com os outros o que não quer que seja feito consigo mesma. Ela estraga prazeres porque já teve seus prazeres estragados. Não sabe dar espaço para as pessoas, é chamada de chata e incompreensível, quando na verdade os incompreensíveis são eles.


Ela sente vontade de sumir sempre que as coisas não vão bem. Ela sente vontade de sumir, sempre. Mas ela não consegue sumir, ela não pode, então ela prefere viver isolada em sua bolha, porque lá ela tem certeza que ninguém vai machuca-la. Ela não se sente importante, acha que ninguém liga para ela. Ela se sente inútil, não vê motivos para continuar, não tem mais vontade de tentar, porque ela já cansou de não conseguir. Ela diz que a única coisa que ela conseguiu foi a habilidade de afastar as pessoas.


A cada dia que passa fica mais difícil. As mesmas pessoas apontando-lhe o dedo, os mesmo julgamentos, os mesmos erros. Tentar e não conseguir. A mesma angústia, a mesma dor. Magoada. Machucada. Ela chora. Ela se desespera. Ele não aguenta mais. Ninguém entende, ninguém compreende, ninguém se importa, não param para ouvir. Só falam, falam, julgam, reclamam. Dói. Ela chora. Ela chora mais. E mais, até que... Ela desiste.

Nota

Ficou assustada? Se identificou? Pois é. Essa é a realidade de milhões de jovens no mundo, que sofrem por diversos motivos e muitas vezes não aguentam. E com “não aguentam” eu quero dizer cometem suicídio. E esse texto acima não foi nenhum caso específico de bullying, ou graves problemas familiares, ou desilusões amorosas, pressão escolar, familiar ou nenhum tipo de trauma. Foi simplesmente um pouquinho de cada problema, que para você pode parecer pequeno, mas que se transformou em uma bola de neve e matou uma pessoa.

Portanto:

  • Nunca menospreze algum problema de alguém por menor que ele possa parecer, nem minimize a dor de alguém, porque na maioria das vezes não sabemos da história nem metade.

  • Não julgue ninguém em hipótese alguma. Muito menos por aquilo que ele não escolheu. Você também erra e todos nós merecemos uma nova chance.

  • Se importe. Às vezes só precisamos de alguém que mostre que se importa conosco, para manter acesa a chama da motivação.

  • Seja compreensível. Procure entender mais e apontar o dedo menos. É mais fácil chamar para conversar do que tirar suas próprias conclusões e se precipitar.


Seja gentil sempre. Todo mundo está enfrentando uma guerra diariamente.



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Apenas dois sonhadores  cheios de planos e desejos, encontrando refúgio nas palavras e expondo seus pensamentos mais profundos com o objetivo de ajudar outras pessoas ou apenas viajar nas palavras e sair um pouco da realidade. Esperamos que você se sinta à vontade aqui! Pode nos chamar de Mia e Lukas. Se precisar conversar mande um e-mail para:

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